Em 1936, na obra A teoria geral do emprego, do juro e da moeda, John Maynard Keynes (1982, p.49) utilizou-se da comparação entre a habilidade administrativa e a satisfação pessoal entre duas rainhas (Vitória e Elizabeth) como estratégia retórica para refutar a precisão dos conceitos econômicos da produção real líquida e do nível geral de preços, comentando também a frágil relação entre esses dois conceitos para tentar descrever a realidade e a dinâmica dos fenômenos econômicos: “Mas o verdadeiro lugar de conceitos como a produção real líquida e o nível geral de preços é dentro do campo da descrição estatística e histórica, e o seu objetivo deveria ser satisfazer a curiosidade histórica ou social, propósito para o qual não é habitual nem necessária uma precisão absoluta – tal como exige a nossa análise causal, seja ou não completo ou exato o nosso conhecimento dos valores reais das quantidades envolvidas. Dizer que a produção líquida de hoje é maior que a de dez anos atrás ou a do ano anterior, mas que o nível de preços é inferior, equivale a afirmar que a Rainha Vitória era uma soberana melhor, porém não uma mulher mais feliz, que Rainha Elizabeth – asserção não desprovida de significado ou de interesse, mas inútil como material para o cálculo diferencial. Nossa precisão seria ilusória se usássemos tais conceitos parcialmente vagos e não quantitativos como base de uma análise quantitativa.” KEYNES, John Maynard. A teoria geral do emprego, do juro e da moeda. São Paulo: Atlas, 1982