O poeta Dante Alighieri, na obra A Divina Comédia, escrita entre 1304 e 1321, coloca os dilapidadores dos próprios bens no segundo giro do sétimo círculo do Inferno – no mesmo círculo dos suicidas. Ou seja, no patamar daqueles que praticam violência a si próprios dentro da perspectiva de Alighieri, suicidas e gastadores inveterados a arruinar a saúde financeira são equivalentes na ofensa contra o Sagrado e merecem uma condenação em mesmo nível. Nesse sentido, é preciso também marcar uma distinção entre os pródigos, que se encontram no quarto círculo do Inferno junto aos avarentos, e os gastadores viciosos que se colocam em situação de penúria, estando num círculo muito mais afastado de Deus – com um pecado muito mais grave e com um castigo, portanto, muito mais sofrido. Aqueles que se colocam na posição de extrema pobreza por má gerência de seus próprios bens são continuamente despedaçados por cães – tal como na vida viviam despedaçados pela miséria por si mesmos induzida.