
Na obra A teoria geral do emprego, do juro e da moeda, em 1936, John Maynard Keynes (1982, p.129) utiliza a metáfora do concurso de beleza a fim de comentar a seleção e a escolha de ativos no mercado financeiro. No seu entendimento, a eleição desses ativos não ocorre por estudo de uma análise baseada na potencialidade do próprio ativo, mas na observação da média das opiniões alheias a respeito do ativo em meio a outros: “Para variar um pouco de metáfora, o investimento por parte de profissionais pode ser comparado aos concursos organizados pelos jornais, onde os participantes têm de escolher os seis rostos mais belos entre uma centena de fotografias, ganhando o prêmio o competidor cuja seleção corresponda, mais aproximadamente, à média das preferências dos competidores em conjunto; assim, cada concorrente deverá escolher não os rostos que ele próprio considere mais bonitos, mas os que lhe parecem mais próprios a reunir as preferências dos outros concorrentes , os quais encaram o problema do mesmo ponto de vista. Não se trata de escolher os rostos que, no entender de cada um, são realmente os mais lindos, nem mesmo aqueles que a opinião geral considere realmente como tais. Alcançamos o terceiro grau, no qual empregamos a nossa inteligência em antecipar o que a opinião geral. E há pessoas, segundo creio, que vão até o quarto e o quinto grau, ou mais longe ainda.” KEYNES, John Maynard. A teoria geral do emprego, do juro e da moeda. São Paulo: Atlas, 1982.