
O recurso da hipérbole em relação aos estudos de Milton Friedman sobre a teoria do estoque monetário denota ser a ferramenta discursiva mais adequada que os ativistas da área econômica William T. Still (1996), com o documentário The money masters, e Peter Joseph (2007, 2008 e 2011), com a trilogia Zeitgeist, reconheceram para explicar uma inevitável crise financeira em meio à atmosfera paradoxal da pressão inflacionária, do estímulo desenfreado ao consumismo e do risco de escassez de capital para o indivíduo contemporâneo. O uso da hipérbole por Still torna-se apropriado, pois, ao atribuir uma dimensão mais colossal às consequências negativas e inflacionárias da teoria do estoque monetário, pode-se alterar a orientação de ajustamento da política monetária oriunda de Friedman para o de combate frontal ao controle da emissão de dinheiro pelo Federal Reserve. Em relação a Joseph, a crítica torna-se ainda mais radical quando se contrapõe à própria necessidade de armazenamento de capital ou de troca por meio do sistema monetário. O efeito da hipérbole como demonstração de distância de uma realidade acreditável no discurso de tais ativistas da área econômica associa-se a uma postura que precisa desvelar o entendimento padrão do discurso econômico e apontar, por proveitoso exagero ou defeito, uma realidade econômica trágica, mas disfarçada de normalidade cotidiana. As narrativas científicas de Still e de Joseph propagaram-se nos grupos de ativismo econômico mais radical. Por buscarem uma distribuição maior de seus discursos, tanto Still, em 1996, com The money masters, como Joseph, em 2007, em 2008 e em 2011, com a trilogia do movimento Zeitgeist, apostaram mais no suporte do vídeo e, posteriormente, atrelaram a sua reprodução às ferramentas da internet. Ambos se utilizaram de uma interpretação peculiar da teoria monetarista de Milton Friedman para denunciar o controle das corporações financeiras nos governos e nos cidadãos e sugeriram atitudes bem distantes do funcionamento das organizações institucionais vigentes na área econômica, como a extinção do Fed (Still) ou a eliminação da prática monetária (Joseph).