
Racionamento de recursos e contenção de consumo são estratégias adotadas para gerenciar e preservar recursos naturais, como água, energia, alimentos ou outros materiais, especialmente em situações de escassez ou para promover a sustentabilidade. O racionamento de recursos envolve a alocação controlada e limitada de um recurso escasso entre os usuários. Isso pode ser implementado por meio de medidas como quotas, cotas ou restrições quantitativas de uso. Um exemplo comum é o racionamento de água em épocas de seca, no qual os indivíduos e as empresas são limitados em quanto podem consumir para garantir que haja água suficiente para todos. A contenção de consumo refere-se às ações tomadas para reduzir o uso excessivo de recursos. Isso pode ser alcançado por meio da conscientização pública, educação, incentivos econômicos e regulamentações. Um exemplo de contenção de consumo é a promoção do uso eficiente de energia, incentivando a substituição de aparelhos ineficientes por modelos mais eficientes e incentivando práticas de economia de energia. Ambos os conceitos estão relacionados à ideia de usar recursos de maneira mais sustentável e responsável, reconhecendo a finitude desses recursos e a necessidade de preservá-los para as gerações futuras.
O tema do racionamento de recursos e da contenção do consumo é deveras muito antigo e, se considerarmos a ideia de escassez, é fundante para o próprio conceito das Ciências Econômicas, como gerenciamento de recursos insuficientes – tal como Lionel Robbins assim o citou em sua obra Um ensaio sobre a natureza e a importância da Ciência Econômica, de 1932. No entanto, no mundo contemporâneo – em que o comportamento consumista gera a ambiguidade de acelerar o desenvolvimento econômico e as oportunidades de emprego ao mesmo tempo que ameaça os recursos naturais e a sobrevivência de ecossistemas e que gera ciclos nocivos de endividamento de famílias e nações inteiras – as estratégias do racionamento de recursos e da contenção de consumo aparecem como uma forma de alerta que nos faz recordar a esgotabilidade dos meios, a responsabilidade em relação às próximas gerações e a priorização de um comportamento que preserve a saúde financeira.
Como ilustração, em Robinson Crusoé, romance de Daniel Defoe, de 1719, vários são os momentos em que as estratégias de racionamento de recursos e de contenção de consumo são utilizadas.
“30 de ABRIL. Tendo percebido que o pão estava quase no fim, fiz um levantamento do estoque e reduzi meu consumo a um biscoito por dia, o que me encheu o coração de pesar”. (DEFOE, Daniel. Robinson Crusoé. São Paulo: Companhia das Letras; Penguin, 2001, p. 90).
“Eu poderia ter abatido quantas quisesse, mas estava decidido a racionar minha pólvora e meu chumbo, e portanto dava preferência a matar uma cabra, se pudesse, que me alimentaria muito melhor. E embora houvesse muito mais cabras ali que do meu lado da ilha, ainda assim era muito mais difícil me aproximar delas, pois a região era plana e regular, e elas me avistavam muito antes do que quando eu me acercava delas vindo das encostas”. (DEFOE, Daniel. Robinson Crusoé. São Paulo: Companhia das Letras; Penguin, 2001, p.111-112).
“Entreguei a cada um deles um mosquete com pederneira, e cerca de oito cargas de pólvora e balas, recomendando-lhes que fossem muito parcimoniosos com a munição e que só usassem as armas em caso de urgência”. (DEFOE, Daniel. Robinson Crusoé. São Paulo: Companhia das Letras; Penguin, 2001, p.206).