Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, pode ser relacionada ao conceito econômico de consumismo. A sociedade do livro é construída sobre a ideia de que o consumo incessante é a chave para a estabilidade social e econômica, e essa lógica permeia todos os aspectos da vida dos cidadãos. No mundo dessa obra de Huxley, a economia é impulsionada por um ciclo constante de produção e consumo. Os cidadãos são condicionados desde o nascimento a serem consumidores ativos, ensinados a desejar novos produtos e a evitar qualquer forma de frugalidade ou reparo. O lema “gaste para crescer” é internalizado, promovendo a ideia de que a felicidade e a identidade são alcançadas através do ato de consumir. O próprio condicionamento das pessoas incentiva o descarte de bens em vez de sua reutilização, mantendo a economia em constante movimento.

O consumismo no livro serve como uma ferramenta de controle social. Ao incentivar o consumo desenfreado e a busca incessante pelo prazer imediato (através do uso da droga soma e da gratificação instantânea), o Estado garante que as pessoas permaneçam satisfeitas e, portanto, passivas. O consumo se torna um substituto para a liberdade e para experiências humanas mais profundas, como a arte, a literatura e o pensamento crítico. A sociedade é mantida em um estado de superficialidade onde o questionamento e a rebeldia são minimizados, pois as pessoas são constantemente distraídas por bens materiais e entretenimento.

Huxley estava antecipando, de certa forma, o desenvolvimento de uma cultura de consumo que se tornou uma característica central das economias modernas, especialmente após a Revolução Industrial e o advento da sociedade de consumo no século XX. O conceito de obsolescência programada  e a publicidade são estratégias reais que se apresentam na sociedade consumista de Admirável Mundo Novo, em que a estabilidade econômica é alcançada através do consumo contínuo e da promoção de uma cultura de satisfação imediata.

Em “Admirável Mundo Novo,” Huxley utiliza o consumismo como um mecanismo fundamental para manter a ordem social e a estabilidade econômica. A obra oferece uma crítica à ideia de que o consumo incessante e a busca pelo prazer superficial podem substituir a necessidade humana por liberdade, criatividade e significado mais profundo. Ela nos convida a refletir sobre como a cultura do consumo pode influenciar e até controlar a sociedade, levando-nos a questionar os valores e as prioridades das economias modernas.