
Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida, pode ser associada ao conceito de corrupção através da maneira como o protagonista, Leonardo, e outros personagens utilizam práticas advindas do desvio de conduta para alcançar seus objetivos e melhorar suas condições de vida na sociedade carioca do século XIX.
Leonardo, o personagem principal, é um exemplo claro de alguém que emprega práticas corruptas para subir na vida. Em vez de seguir um caminho tradicional e ético para o sucesso, ele recorre a uma série de artifícios e manipulações, como enganar autoridades, utilizar-se de subornos e tirar proveito de suas conexões para obter vantagens. O romance expõe como essas práticas se tornam uma forma de sobrevivência e ascensão social em um ambiente onde os sistemas formais muitas vezes falham ou são ineficazes.
A obra também critica a corrupção sistêmica presente nas estruturas sociais e políticas da época. A maneira como Leonardo e outros personagens se beneficiam da corrupção reflete a fragilidade das instituições e a falta de integridade dentro das estruturas sociais. O livro revela como a corrupção permeia diferentes níveis da sociedade, desde as instituições públicas até as interações cotidianas.
Manuel Antônio de Almeida usa humor e ironia para destacar a ubiquidade da corrupção e a maneira como ela molda as relações sociais e econômicas. Através das aventuras de Leonardo e das situações que ele enfrenta, a obra oferece uma crítica mordaz sobre a moralidade e a ética na sociedade, mostrando como a corrupção pode ser endêmica e como indivíduos podem se adaptar a um sistema corrupto para alcançar seus objetivos.