O Auto de São Lourenço, uma obra escrita por José de Anchieta, um dos mais importantes jesuítas e literatos do Brasil colonial, é uma peça de teatro escrita no século XVI, especificamente em 1566, e faz parte da literatura barroca brasileira. O Auto de São Lourenço é um drama religioso que segue a tradição dos autos sacramentais, muito populares na Espanha e Portugal durante o período barroco. Essas peças tinham como objetivo ensinar e edificar a fé cristã por meio de encenações teatrais que retratavam histórias da Bíblia ou da vida dos santos.

Nesse auto, José de Anchieta dramatiza a vida e o martírio de São Lourenço, um dos santos mais venerados da Igreja Católica. A peça é uma combinação de elementos religiosos, moralizantes e espetaculares, seguindo a tradição do teatro religioso da época. Anchieta utiliza o drama para ilustrar e reforçar os valores e ensinamentos cristãos, enquanto também integra aspectos da cultura local e indígena, refletindo o contexto da missão jesuítica no Brasil colonial.

Embora Auto de São Lourenço não trate diretamente de conceitos econômicos, ele pode ser relacionado à economia da educação religiosa e da missão evangelizadora. Durante o período colonial, a missão jesuítica no Brasil tinha um papel crucial não só na evangelização dos indígenas, mas também na organização e estruturação das comunidades missionárias. O teatro religioso, como o Auto de São Lourenço, fazia parte de uma estratégia mais ampla para educar e integrar os povos indígenas à cultura e aos valores europeus cristãos.

A produção e realização de tais peças teatrais eram, portanto, uma forma de investimento na formação espiritual e moral das comunidades indígenas. Esse investimento envolvia a alocação de recursos, como tempo e talento dos missionários, e também refletia um esforço econômico e social para estabelecer e manter a presença jesuítica no Brasil.

Além disso, o Auto de São Lourenço e outras obras semelhantes contribuíam para a consolidação do controle cultural e religioso sobre as populações locais, ajudando a garantir a lealdade e a integração dos indígenas ao sistema colonial europeu. Essa estratégia fazia parte de um plano mais amplo para estabelecer e expandir o domínio europeu na América Latina, que incluía aspectos econômicos, sociais e culturais.