A obra 1984, de George Orwell, pode ser relacionada ao conceito econômico de economia planificada ou economia centralmente planejada, em que o Estado exerce controle total sobre a produção, distribuição e consumo de bens e serviços. No romance, o governo da Oceânia controla todos os aspectos da vida de seus cidadãos, incluindo a economia. O Partido decide o que deve ser produzido, como os recursos são distribuídos e quem tem acesso aos bens. Não há mercado livre; toda a atividade econômica é planejada e regulada pelo Estado. Esse controle total é uma característica das economias planificadas extremas, como a que existia na União Soviética durante o regime stalinista, onde o Estado tinha o poder de decidir sobre quase todas as questões econômicas.

Em 1984, a economia da Oceânia é caracterizada pela escassez e pela manipulação dos dados econômicos. Os cidadãos vivem em condições de pobreza, enquanto o Partido constantemente altera os registros para apresentar uma imagem de prosperidade. Esse controle da informação é usado para perpetuar a narrativa de que o Estado está agindo no melhor interesse da sociedade, mesmo quando a realidade nas ruas é de privação e escassez. O controle estatal em 1984 constrói-se em boa parte por meio da manipulação das estatísticas e da informação econômica. O Ministério da Verdade altera constantemente registros e dados para dar a impressão de que o Partido é eficiente e benéfico. Esse aspecto pode ser comparado a como algumas economias planificadas históricas manipulavam informações para esconder falhas do sistema, como inflação, desemprego e baixa produtividade, enquanto proclamavam sucesso econômico e prosperidade.

A consequência dessa economia centralizada e controlada é uma população que carece de autonomia e incentivos para inovar ou melhorar suas condições. Os indivíduos são reduzidos a meros componentes de uma máquina estatal, sem liberdade econômica ou de mercado. Isso leva à estagnação econômica, já que a criatividade, a competição e a eficiência que impulsionam o crescimento em economias de mercado são suprimidas.

Em 1984, Orwell apresenta uma sociedade onde a economia planificada é levada ao extremo, servindo como uma ferramenta de controle total pelo Estado. A obra ilustra os perigos de uma economia onde o Estado tem o poder absoluto sobre a produção e distribuição de recursos, e como a manipulação da informação econômica pode ser usada para manter um regime autoritário.