Em Timon de Atenas, de William Shakespeare, a natureza volátil do capital social é central para a trama e revela como as relações humanas frequentemente dependem de interesses financeiros. No início da peça, Timon é um homem rico e generoso, cercado por amigos e admiradores que parecem leais e dedicados. Seu capital social — as redes e conexões que ele mantém — é forte porque é sustentado por sua capacidade de dar presentes e organizar banquetes. No entanto, essa rede é ilusória, construída com base no afeto ou na lealdade genuína, mas condicionada ao poder que sua riqueza exerce sobre os outros.

Quando Timon perde sua fortuna, seu capital social desaparece rapidamente. Aqueles que antes se beneficiavam de sua generosidade se recusam a ajudá-lo, mostrando que suas relações eram superficiais e baseadas no interesse financeiro. Esse colapso imediato do seu círculo social ilustra a volatilidade do capital social quando ele é fundamentado na riqueza. A peça demonstra que, embora o capital social possa parecer sólido e confiável, ele pode ser extremamente instável se estiver diretamente vinculado ao status econômico.

Esse fenômeno tem um paralelo claro na economia moderna, em que indivíduos e empresas muitas vezes constroem redes de relacionamento que parecem fortes, mas que podem desmoronar em momentos de crise financeira. Assim como a confiança nos mercados pode desaparecer em uma crise econômica, a confiança nas relações sociais baseadas na riqueza é igualmente frágil. Timon de Atenas nos alerta para o risco de construir nosso capital social com base na fortuna material, destacando que, quando a riqueza é volátil, as redes sociais que dela dependem são igualmente instáveis.