O jogo de antíteses foi operado por John Maynard Keynes, em 1936, com a obra A teoria geral do emprego, do juro e da moeda, para refutar os principais fundamentos das escolas de economia clássica ou austríaca, como a lógica do equilíbrio econômico, o autoajuste de salários pelo mercado, a concepção do incentivo ao gasto público como promoção de inflação e a lei de Say, contrapondo-os, respectivamente, ao desenvolvimento da concepção de dinamismo econômico, de desemprego involuntário, de multiplicador keynesiano e dos prêmios de liquidez – medidas de intervenção e de revisão de mecanismos reguladores da Economia, em tempos de crise, sofrem forte apelo do pensamento keynesiano, como aconteceu, por ilustração, na crise financeira de 2008. Enquanto a lógica do equilíbrio econômico, base do pensamento econômico de influência clássica, defende o equilíbrio geral entre demanda e oferta, explicando o comportamento dos preços em uma economia constituída de vários mercados interagentes, a concepção de dinamismo econômico deriva uma perspectiva que considera diversas variáveis para a compreensão dos fenômenos econômicos, como o desemprego, o consumo, a taxa de juros, a renda dos salários, a capacidade de poupança ou de investimento etc. Enquanto o autoajuste de salários pelo mercado é visto como um mecanismo cuja determinação salarial se dá pelas relações contratuais voluntárias, considerando a lei de oferta e de demanda, o desemprego involuntário acontece quando trabalhadores, por meio de contratos sindicais, por exemplo, resistem à queda dos salários por não aceitarem a redução na propensão a consumir; nesse caso, cresce o número de pessoas querendo trabalhar, mas diminui o número de trabalhadores porque esses estão mais caros; logo, para Keynes, a partir daí, um círculo vicioso entre desemprego e subprodução proporcionaria uma crise econômica tornando correspondentes o consumo em baixa, a produção em declínio e o desemprego. Enquanto a concepção do incentivo ao gasto público como promoção de inflação deriva de um entendimento de que a participação do Governo como agente econômico de larga escala a interferir no mercado (sendo investidor, consumidor ou provedor de salários) causa um desequilíbrio entre a oferta e a demanda de produtos e serviços, resultando em processo inflacionário, a ideia de papel multiplicador do Estado como investidor partiu de um cálculo desenvolvido por Keynes, justificando o discurso sobre os gastos do governo como promotores de um movimento anticíclico de desemprego em época de recessão; nesse sentido, a demanda incentivada pelo governo estimularia o consumo, que fortaleceria investimentos e, consequentemente, ampliaria atos de consumo e novos postos de trabalho. Enquanto a lei de Say deriva de um entendimento de que preços respondem a conhecimentos e a desejos específicos dos indivíduos, causando mudanças na quantidade demandada e fornecida ao mercado, os prêmios de liquidez revelam uma situação em que um ativo menos líquido proporciona retorno superior ao de outro ativo (com características ou valores inicialmente equivalentes) mais líquido; Keynes, nesse sentido, afirma que os prêmios de liquidez podem implicar o desestímulo para o incentivo ao investimento, promovendo uma demanda negativa por insuficiência e um cenário de crescimento do desemprego.