O repasse de custos ocorre quando o aumento de valor em relação a um bem ou a um serviço ofertado – derivado de diversos fatores, como alta no preço de matérias-primas, de serviços associados à oferta ou ainda de algum fenômeno extrínseco à produção ou à dinâmica direta na oferta de serviços que obriga um maior gasto por parte do fornecedor – é transferido para o próprio cliente. No romance O dinheiro, de Arthur Hailey, o narrador comenta que os custos advindos das fraudes bancárias por meio de cartões de crédito, ao invés de fazerem com que os bancos implementem um sofisticado (mas caro) investimento em segurança contra o crime, repassam tais prejuízos para os próprios clientes.

“No entanto, raciocinou Alex, era uma atitude que os bancos – todos os bancos tomavam. Eles deliberadamente aceitavam os prejuízos com os cartões como se isso fizesse parte do custo do negócio. Se qualquer outro departamento apresentasse um prejuízo de sete e meio milhões de dólares em um só ano, o mundo viria abaixo. Mas quanto aos cartões de crédito, ‘três quartos de um por cento’ por fraude eram aceitos ou convenientemente ignorados. A alternativa – uma luta aberta contra o crime custaria muito mais. Poder-se-ia dizer, é claro, que a atitude dos banqueiros não tinha defesa porque, no final, eram os próprios clientes, possuidores de cartões de crédito, que pagavam pelas fraudes, através do aumento dos custos. Mas, do ponto de vista financeiro, fazia sentido.” HAILEY, Arthur. O dinheiro. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1975. p.46-47.