No âmbito da Covid-19, uma metáfora foi tentada por Laura Carvalho e Pedro Rossi, no artigo Mitos fiscais, dívida pública e tamanho do Estado, de 2020: a austeridade fiscal transmuta-se em cloroquina, pois não tem cura comprovada (haja vista relatórios do próprio FMI nos anos de 2010) e ainda implica consequências nocivas – pelo fato de o desinvestimento do setor público reduzir a empregabilidade. A caracterização da austeridade como cloroquina por Carvalho e Rossi no Brasil baseia-se principalmente em discursos contestatórios da experiência de austeridade já vivenciada em alguns países da Europa pós-crise de 2008. Mariana Mazzucato, com a obra O valor de tudo, de 2018, uma dessas vozes, afirma que a experiência da austeridade vivida na Europa, com o excessivo corte nos gastos do governo, acarretou um agressivo custo social (desinvestimento nas áreas da educação, infraestrutura e saúde). Segundo a autora, sendo tais áreas largamente afetadas pelo discurso da austeridade, o crescimento econômico de longo prazo ficou comprometido, ou seja, os desinvestimentos excessivos marcaram uma tendência para o não crescimento do PIB no futuro. O custo da falta de um investimento consistente em áreas da educação, saúde e infraestrutura resultou na retirada da oportunidade de uma melhor formação profissional, de organismos saudáveis e resistentes e de um contexto de obras que amplie relações econômicas como uma dinâmica a multiplicar empregabilidade e maior consumo.