Satyricon, uma obra atribuída a Petronius Arbiter e datada do século I d.C., oferece uma perspectiva rica sobre a economia do luxo e a relação com o status social na Roma Antiga. Através de sua narrativa, que mistura sátira e comédia, o livro fornece uma crítica aguda ao consumismo e à ostentação da época.

Um dos aspectos mais destacados da obra é a maneira como retrata a busca incessante por prestígio e riqueza através do consumo de bens luxuosos. A famosa cena do banquete de Trimalchion é um exemplo emblemático. Trimalchion, um liberto que se tornou rico, realiza um banquete grandioso para exibir seu sucesso e status. Esse evento é uma exibição ostentosa de riqueza, em que o luxo é usado como um meio para demonstrar poder e elevar o status social. A extravagância do banquete, com suas comidas exóticas e entretenimento sofisticado, é um reflexo direto das práticas econômicas e sociais da época, mostrando como o consumo excessivo era associado ao prestígio social.

Através dessas descrições, Petronius critica a superficialidade e a decadência moral da sociedade romana. O consumo de bens de luxo e a ostentação não somente são apresentados como ferramentas para ascensão social, mas também como forças que desumanizam e corrompem. O retrato de Trimalchion e seu banquete é uma crítica ao materialismo, mostrando que, apesar do avanço econômico e do sucesso material, a sociedade enfrenta problemas profundos de corrupção e moralidade.